História de Medeiros
História de Medeiros
Publicado em 06/04/2023 08:50 - Atualizado em 28/02/2024 15:05
História de Medeiros
MEDEIROS, CIDADE TÃO LINDA! UM POVO TÃO ACOLHEDOR!
As primeiras noticias sobre a existência da região, contam da doação de vinte (20) sesmarias, confiadas á Inácio Correa Pamplona, Manuel Medeiros e Jacinto Medeiros, (para alguns historiadores trata-se de João e José Medeiros, também conhecidos como, irmãos Medeiros), isto por volta do ano de 1765, pela Lei 148, de 17.1238, e instalado a 01.01.39, elevou-se a Distrito do Município de Bambuí. Em 30.12.62, pela Lei 2.764, obteve a sua emancipação política, sendo elevado á categoria de Município, e este, instalado oficialmente no dia primeiro de março de mil novecentos e sessenta e três (01/03/1963).
O município possui algumas regiões de maior densidade populacional como Desempenhado, Café, Cerrado, Cervo, Pimenteira, Paiol Queimado, Mantibio, Gurita, Lagoa Seca – todos com população inferior a 350 habitantes e estes dispersos nas proximidades dessas localidades. Desde os primeiros habitantes da região, índios Caiapós e Araxás e também quilombos, a região se prestava a caminho entre o Centro/Sul de Minas, para as regiões do triangulo Mineiro/Alto Paranaíba/ Goiás.
As atuais terras, que hoje formam o município de Medeiros, estão situadas em região servida pela antiga picada de Goiás, que ligava Pitangui á Vila Boa, em Goiás.
O povoado que originou Medeiros foi criado nos idos do século passado com a utilização de uma área de 14 alqueires de terra, doada por Militão Inácio de Miranda, conforme titulo particular, transcrito no cartório de registro de imóveis de Bambuí, embora tenha sido os irmãos Medeiros os Primeiros fazendeiros da localidade.
A origem do nome se explica no transito de boiadas, vindas do triangulo mineiro, com destino a Oeste e Sul de Minas, cujos condutores faziam costumeiramente ponto de almoço ou pousada na fazenda dos irmãos Medeiros. Assim com o correr dos anos ficou caracterizada a denominação Medeiros. Em alguns dados encontramos a denominação, Potreiro para o local, onde está edificada a cidade, o que coincide com o sobrenome de um dos irmãos Medeiros.
Os próprios sitiantes é que faziam a repartição das terras. E assim foram surgindo as primeiras fazendas do município. Eram todas cobertas de árvores e cerrados; uma das árvores mais importantes que existia e hoje quase não se vê á a cabiúna.
Lugar montanhoso provido de muitas nascentes, córregos e ate rios. Muitos animais que existiam aqui, hoje quase extintos, como por exemplo a onça pintada.
O tempo foi passando. Em 1938, Medeiros tornou-se Distrito de Bambuí, reconhecido por lei.
Em 1958, uns homens uniram-se formando uma comissão pelo pro - emancipação do Distrito de Medeiros.
Medeiros haveria de desmembrar-se de Bambuí. Esta comissão lutou por isso quatro anos, até que em 30 de novembro de 1962, sai o Decreto de Emancipação do município, assinado pelo governador: Dr. José Magalhães Pinto. Fizeram parte da comissão: Clodovel Leite de Faria (presidente), José Faria Leite: (vice). José Bahia Gontijo: (tesoureiro). José Nametalla: (secretário e redator do processo). E outros: José Teotônio Filho, Osmar José Pereira, Chicrala Miguel Elias, Venâncio Elias Machado e Juca Ipólito, finalmente em 1° de março de 1963, instalou-se o município de Medeiros, assumido a direção o Sr. José Alípio Faleiro (intendente) que permaneceu à frente da prefeitura mais ou menos três meses até a posse do prefeito, o Sr. José Veríssimo Gomes.
Salientaram-se na Campanha de Emancipação do Município: Clodoveu Faria Leite, José Teotônio Filho,José Nametalla, Estevão Dionízio Resende,José Bahia Gontijo, Venâncio Elias Machado, José Faria Leite, Osmar José Pereira, Avelino Rodrigues da Silva.
Prefeitos que passaram na História de Medeiros: José Veríssimo Gomes,Vicente Elias Miguel,José Fernandes Vieira,Valdemar Gomes,Vicente Elias Miguel, Sebastião Lemos Tôrres, Weber Leite Cruvinel, José Francisco Leite, Aparecida Beatriz Silva,Vicente Chiclara da Fonseca, Mário Cândido de Mendoça Filho, Manuel Bahia Gontijo (por duas vezes).
Quanto aos costumes, me contaram tanto sobre os casórios. Eram realizados em Bambuí, os noivos e convidados partiam de Medeiros, a cavalo, e o festejo era feito pelo caminho com fogos e cantaria. Ao chegarem a Bambuí, vestiam-se formalmente para a cerimônia; após esta, iam para a festa na casa dos noivos onde havia diversidades de doces e salgados. Dançavam valsa, chote, mazuca, tango... enquanto isso, os tocadores cantavam versos oferecendo a alguém.
Não existia carnaval, as pessoas excomungavam, achavam um absurdo.
Sexta-feira da Paixão era sagrada, todos jejuavam, não faziam comida e nem penteava cabelo e não varriam as casas; no sábado da aleluia, faziam o tal do “boneco Judas”, batiam e queimavam-no.
Havia muitas festas na roça com diversos tipos de comida, destacando o arroz doce e o doce de leite; dentre estas festas “folia de reis” com costume de passar a coroa de uma pessoa para outra; as famosas festas do padroeiro São José e festa de São Sebastião que eram abrilhantadas com fogos e banda de música, cavalgadas e roda de violeiros, festas juninas com trajes típicos, que até hoje acontece.
Naquela época as damas usavam roupas tais como: vestidos, saias, blusas compridas, fabricadas com tecido de algodão na própria localidade; os homens vestiam como hoje, enquanto que os meninos e as meninas vestiam de maneira igual até a idade da pré-adolescência (tipo camisola).
Quando as moças saiam da linha eram muito mal vistas. Recebiam o nome de “raparigas” e eram excomungadas pelos pais. Algumas eram assassinadas encorbertamente, perante a sociedade, pelos pais.
Os doentes eram levados a Bambuí, carregados no bangüê, no caminho havia trocas de pessoas para carregar-lhes. No caso de uma pessoa ser picada por cobra era levado aos benzedores, sendo mais famoso Elias Vargas, que só benzia pra o bem. O primeiro médico foi o Dr. Tonico, residente em Bambuí. Para consultar ia-se na casa dele. Quanto a dentistas, nada; folhas de goiabeiras eram usadas para escovar os dentes. Algumas mulheres mastigavam fumo, havia muita bebida, fabricada no alambique dos “mesquitas” situado nas Penas, o que também era usado como remédio.
Não existia açúcar, o café e os doces eram feitos com rapadura.
Mais tarde, nos anos sessenta apareceram os famosos salões de baile (na casa de Paulo Tomaz) Praça Militão Miranda, onde a juventude curtia uma música e até cinema teve por aqui.
O clube do Sr. Chico do Dico onde eram organizadas as famosas quadrilhas da cidade (Casa D. Bela).
Mais tarde, Monsenhor José Aparecida, trouxe um cineminha onde toda comunidade curtia um faroeste.
Nos anos setenta, Medeiros evoluiu mais um pouco sua cultura, sob direção de Sr. José Nametalla, e Sr. Vicente Elias Miguel surge o Ginásio Comercial de Medeiros. Com este evento trouxeram grande desenvolvimento na cultura de nossa cidade. Surgiu o grêmio estudantil que apresentava atividade diversificada. Peças teatrais, campeonatos de vôlei, futebol, bailes, grandes desfiles de sete de setembro. Neste período surge o famoso sapezinho do Sr. Osmar, onde era uma boa opção para a garotada que curtia uma boa música.Também surgiu o cinema do Cazito, onde toda a criançada e jovem assistam um bom filme, localizado na Praça José de Faria Leite, ao lado do sapezinho.
Mais tarde construíram um clube recreativo de Medeiros, eram muito animados os bailes, formaturas, carnavais e festas juninas pelo conjunto “Meder Som”. Eram apresentado show e feiras culturais.
A primeira Missa foi celebrada debaixo de uma árvore, trecho onde se situa Praça José de Faria Leite.
A primeira Igreja era de pau-a-pique e não tinha reboco, direcionada pelo Capelão de Bambuí. Edificada na ponta direita da Praça Militão Miranda, cujo nome era “CAPELA DE SÃO JOSÉ”. A assistência religiosa Católica era dada em Medeiros pelo Padre mais velho de Bambuí, Padre João Veloso, que mandava avisar o pessoal quando haveria missa.
O primeiro padre que passou a residir na região veio do Rio de Janeiro, seu nome era Padre Juca, possuía terras e lavouras de café na Gurita perto do “Tope da Gurita” era muito popular. O primeiro padre que ficou mesmo de morada foi o Monsenhor José Aparecida.
A primeira casa era localizada do lado direito pra quem sobe a Praça José de Faria Leite mais ou menos até sua metade (atual casa do Sr. Revalino) era uma casa de pau-a-pique, piso de chão batido do Sr. Honório José Teotônio, pai do Sr. Juca Honório, juiz de paz de Medeiros, por muitos anos. Lá funcionou a primeira sala de aula sob direção dos primeiros professores Chico Bahia e Zé Bahia.
As compras eram feitas através de mascates e nas outras localidades, iam-se á cavalo, a pé ou em carro de boi e o dinheiro usado era réis.
Nessa época 1919, a população pobre morava nas fazendas dos latifundiários, constituindo de 20 a 40 empregados em cada fazenda. Trabalhavam em troca dos produtos, como: café, arroz e outros cereais. Participaram do comércio: Sr. Natal, Gui, Roque Resende, entre outros. Os brinquedos eram fabricados em casa; só mais tarde apareceram bonecos de papelão e cabeça de plástico, encontrado em Bambuí.
Aos domingos, a cidade ficava despovoada a não ser em época de festa (de santos).
As estradas de carro de boi existiam de Pratinha a Bambuí. Com mutirão, foi ampliada a estrada de Medeiros a Bambuí, para uso de automóveis, em 1919. E o primeiro automóvel, era do Veveu, um Ford 29, “Caminhão Chevrolet de Bigode”, e o dono cobrava o equivalente a um dia de serviço de cada pessoa que queria dar uma volta no caminhão pela cidade, fazendo um percurso numa velocidade 10 a 30 Km/h, sendo movido a óleo, provocando uma grande nuvem de fumaça. Por causa da falta de estradas gastava 6 horas de Bambuí até aqui.
As pessoas ouviam falar em avião, mas não conheciam, viram passar o primeiro em 1936, o aeroplano, onde a maioria do povo ficou com muito medo e se escondeu, devido ao seu barulho. Muitos acharam que era o fim do mundo. Provocou desmaios, correria e imploração de misericórdia a Deus.
A primeira loja da cidade era de propriedade do Sr. Zé Turco, vendia-se óleo de Rícino, sorrizal, azeite caseiro, aspirina, sal de gado etc... É bom lembrar também da casa do João Rosa, Baiano Manco e casa do Janjão onde foram construídas primeiras casa populares de Medeiros.
A segunda Escola de Medeiros funcionou do lado direito, pra quem desce a Praça José de Faria Leite (atual casa do Pedro Firmino).
A terceira Escola funcionou em frente a Praça Militão Miranda, com aulas de quarta-feira á sábado, das onze às dezesseis horas, tinha por professora a Sra. Marica que veio da vizinha cidade de Pratinha; as séries eram multiseriadas, com uma média total de 22 crianças; vinham dos diversos locais e fazendas, a pé ou a cavalo.
Medeiros teve homens ilustres:
Pichara Miguel Elias: construiu a estrada Medeiros a Bambuí.
Francisco Rodrigues da Silva: construiu a estrada de Medeiros a Campos Altos.
Roque Resende: construiu a Estrada de Medeiros a Pratinha.
Joaquim Calisto de Souza Andrade: doou o cemitério. Entre outros como até hoje tem.
Muitos já se foram, mas deixaram algo de bom pra nós, como outros que irão e deixarão também rastros saudosos.
Medeiros hoje tem quase tudo... mais tem o principal: “gente boa alegre e hospitaleira”.
por Comunicação Portal Fácil